Dia 7 ao 12 - As boas notícias começaram a vir quando a primeira ondulação brotou na costa. Quando estava sentado na praia, pensando em quão ridícula estava a situação do mar, conheci um alemão que passava de bicicleta pela praia. Começamos a conversar e nos demos conta que estávamos exatamente na mesma situação: desprovidos de um automóvel, sem um parceiro para o surf e com um plano de ficar por vinte dias em Portugal. Conversa vai, conversa vem, decidi me mudar para o hostel em que ele estava, no Baleal, praia vizinha dos Supertubos. Foi com certeza a melhor decisão que poderia ter tomado. No dia seguinte fomos para Lisboa alugar um carro, e daí em diante começou a vigília das ondas.
Para acabar completamente com o meu hábito de dormir tarde a acordar tarde, a session matinal passou a ser às sete e meia da manhã - o que acarreta em acordar, precisamente, às seis e meia. Desse jeito, na procura das condições perfeitas, achamos até mesmo alguns lugares mais escondidos para surfar. Um dos lugares que fomos pegar onda pela tarde, de modo a escapar das multidões de Supertubos com ondulação média-pequena: era uma prainha bem escondida e parecia ser insurfável, mas com a maré certa e uma direção de swell específica, abria-se uma direita de uma manobra só bem interessante. Começamos a acordar todos os dias cedo e ir direto para os Supertubos, para na tarde fazer um surf amigável nesse pico mais recluso.
No decorrer desse dias o mar começou a melhorar muito, com ondas maiores e de melhor formação. No final das contas foi muito bom não ter quebrado tão grande nos dias anteriores, já que o condicionamento físico não estava ainda cem por cento. Quando a primeira ondulação atingiu Supertubos, pensei um pouco se entraria ou não na água, pois sabia que todos que estavam no line-up eram locais e que poderia me encomodar um pouco na escolha das ondas. Mesmo estando rodeado por bodyboarders portugueses, o clima foi imensamente mais tranquilo do que pensava que seria. A sensação de respeito imperava e cada um pegava a onda que lhe era devida.
"Keep it a secret, ok?"
A parte mais curiosa desses últimos dias de surf incessante foi o momento que fomos abordado por um surfista local nesse secret spot que falei anteriormente. Cuidadosamente, ele nos perguntou como tinhamos encontrado o pico e que deveríamos manter o lugar em segredo absoluto, pois era uma onda dos nativos de Peniche. Como eu me apresentei como brasileiro, portanto já falando em português, a conversa fluiu muito bem. Segundo ele, alemães, franceses, ingleses e dinamarqueses não respeitam ninguém na água, diferentemente dos brasileiros. Para completar, acrescentou que os franceses e ingleses são "uma raça do caralho".
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