sábado, 5 de fevereiro de 2011

Amigos

Depois da intensidade dos primeiros dias de surf diário, duas vezes por dia, tirei um dia só para ficar em casa descansando; não perdi nada de muito interessante pois o vento estava forte. Foi muito bom dar uma trégua para os músculos, pois nos dias seguintes me senti cem por cento na remada e na linha de surf. Como o mar cresceu e comecei a surf com mais frequência, acabei por não atualizar muito o blog, mas mesmo nesse dia a preguiça bateu mais forte e nesse dia de folga não me animei em atualizá-lo. Todavia, foi imprescindível fazer algumas anotações diárias, para ter alguma referência sobre as andanças, senão teria posts cada vez mais confusos! 

No dia seguinte à recuperação física, decidimos ir até as praias do Ferrel ver o que esses picos mais afastados ao norte de Baleal nos reservavam. Fiquei espantado com a beleza do lugar, com muito verde e grandes paredões de pedra. A encosta parecia toda composta por arbustos, pequenas árvores e uma terra lamacenta. A composição selvagem da vegetação fazia lembrar as fotos do Algarve, nas praias do extremo sul de Portugal. Quase não acreditei que estávamos a apenas quinze minutos da capital do surf português, Peniche. Como é um beach break aberto ao vento, apenas em dias de pouquíssimas rajadas é indicado que haverá algo que valha a pena surfar. O mar estava gigante, mas fechava demais. Consegui remar até o outside mas as ondas não estavam lá essas coisas, foi um pouco frustante ver um mar tão corpulento sem condições favoráveis.         

Fiquei pensando comigo mesmo como deve ser perfeito ter um "motorhome" na Europa, apenas dirigindo pela costa, pronto para pular na primeira vala desconhecida enquanto a "casa" improvisada aguarda na beira da praia. Aqui na região é frequente encontrar peruas e motorhomes do Reino Unido, da França e da Espanha - que chegam a descer até o Marrocos em busca de ondas. 

Além da compania do Percy, esse amigo alemão que estou dividindo o hostel e o carro, nessa época fiquei amigo de um outro alemão, o Dan. Quando fomos visitar o Ferrel já estavamos saíndo para surfar os três juntos faziam alguns dias. Ele largou tudo que estava fazendo na Alemanha para tirar três meses de férias para viajar pela costa da Europa com a Emma, uma pointer linda. Ficamos muito amigos e ele ficou uns quatro dias a mais que o previsto aqui em Peniche. Acho que esse tipo de amizade intensa e passageira é uma das coisas mais confortantes dessas longas viagens; o sentimento de afinidade e de amizade somado à esperança de encontrar, em um furturo um pouco distante, essa pessoas uma outra vez. 

Nessa altura da viagem, completando mais de cinco meses de estrada, já deixa de ser frustrante conhecer pessoas por dias, semanas e meses para depois nunca mais vê-las. Mas acho que minha saúde mental, para não dizer sanidade, repousa no fato de ter ainda esperança de rever o punhado de pessoas que realmente fizeram a diferença nessa minha estada no Velho Mundo



Um comentário:

  1. Demorei para atualizar a leitura dos posts aqui mas aqui estou. Muito bom gurizinho. E pelo o que te conheço, tem muito mais história por aí!
    E bah, parece que a galera curte ir de roupa e tenis pra praia na gringa e que a areia nao é tao fina como por aqui... enfim, é uma impressao que tenho desde aqui. Sabe meu!

    ResponderExcluir