Peguei um dos Comboios Suburbanos, trem este que vai de Lisboa até Cascais, passando por vários praias, entre elas Estoril e Carcavelos. Estava um dia ensolarado e fui com tempo de sobra, tendo em vista que saí bem cedinho de casa, já no ritmo de surf de acordar no raiar do dia e dormir bem cedo. No que tange minha missão de achar os acessórios que precisava a viagem foi um pouco frustante, pois é um lugar que clama por um carro para a locomoção e eu não tinha nenhum desses no bolso. Entretanto, como eu estava com minha câmera a tira-colo e as ondas não estavam boas o suficientes para me deixar chateado de não estar na água, passei parte do tarde caminhando e conhecendo a região.
Apenas conhecia o lugar por vídeos de tubos absurdos no Youtube, porém o cenário que encontrei foi de um swel pequeno demais para poder ver todo o potencial do pico. Outra informação que li num guia de viagem é de que a praia é muito poluída, especialmente quando a ondulação vem do Quadrante Sul. A região era tradicionalmente habitada pela elite de Lisboa até fins dos anos setenta, e após um boom na construção civil com o fim da ditadura e com a abertura econômica uma quantidade descomunal de esgotos começou a ser despejada no oceano sem qualquer tratamento - fato este que perdura até hoje, apesar da ação de associações de surfistas de proteção ao meio ambiente.
Como era um quinta-feira, havia pouca gente e o clima era bastante ameno, com sol e pouco vento. No canto leste há um Forte do Exército, o qual não pude visitar pois é uma área restrita. Apesar de estar curtindo muito a praia, ainda precisava achar a prancha e o long, por essa razão comecei a perguntar por direções para surfistas e pessoas na praia, até que finalmente uma surfshop que era, literalmente, uma surfshop. Ou seja, nada de lindas pranchas de bodyboard para mim. A loja possuía alguns 'fatos' da Rip Curl, com zipper frontal e tudo mais, provei um dos longs mas acabei não gostando do modelo, muito menos do preço.
Voltei para a praia e fiquei mais um tempo contemplando o lugar, sentado junto do Forte e pensando no dia seguinte, em que (provavelmente) já teria tudo em mãos e poderia passar o dia surfando no pico. Como no lugar não havia muito mais o que fazer, voltei para Lisboa para tentar achar minhas coisas até o fim do dia.
Logo que voltei para Lisboa, entrei no metrô em direção à loja que não havia achado no dia anterior, pois descobri no Google Maps que na verdade ela se localizava junto ao metrô Campo Grande, ou seja, uma estação mais a frente de Alvalade, a estação que desembarquei no dia anterior. O mais engraçado da gafe na revista é que o erro foi cometido pelo próprio dono, que se confundiu ao descrever as direções da loja. Enfim, logo que achei o lugar, fiquei por quase duas horas escolhendo os equipamentos que mais se adequavam aos que iria encontrar em Portugal. Com um atendimento de alta qualidade, consegui achar o que eu precisava por um preço baixo, pelo menos a metade do que pagaria no Brasil.
Para os poucos amigos que talvez se interessem pelas compras em terras lusitanas, aqui vai uma breve descrição:
Roupa de Borracha: Bodyglove modelo Fusion; 4:3; ziper frontal.
Prancha: Science modelo Mike Stewart; bloco 3D; 41,5.
Depois de um dia cansativo a vera, voltei para o hostel, tomei um banho e fui jantar qualquer coisa na rua. Como não podia comer outra coisa em Portugal além de peixe, pedi um bacalhau com batata e tomei uma cerveja bem gelada. Na sequência, caminhei até o hostel para - mesmo sem surfar - dormir de cabeça feita.
Nenhum comentário:
Postar um comentário